Mel é bom para a tosse! Será?

Dr. Angelo Bannack

Atualizado há 2 meses

Como já diziam nossas avós: mel é bom para a tosse! A ciência avançou nas pesquisas com vários estudos tentando mostrar se o mel funciona para curar aquela tosse incômoda e comparando o mel com diversos xaropes existentes nas prateleiras das farmácias.

Esse artigo tenta te ajudar a entender se vale a pena investir no mel.

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Vídeo: MEL é bom para a TOSSE! Será?

MEL é bom para a TOSSE? Será?

O que é a tosse?

A tosse é produzida pela ativação de receptores que existem no nariz, garganta, traqueia, pulmões, além do coração (pericárdio), esôfago, diafragma e estômago. Esses receptores podem ser ativados tanto por toque ou deslocamento (mecânico) quanto por calor, frio, e outros irritantes químicos (ácidos ou outros). A ativação destes receptores leva a uma resposta na medula que por sua vez estimulam músculos da expiração, diafragma (que controlam os pulmões), laringe, traqueia e brônquios. E assim acontece aquele cof, cof característico.

Didaticamente pode-se classificar a tosse de acordo com sua duração. Não há um consenso e por isso esse tempo varia conforme o autor e a fonte pesquisada. Aqui vamos dividi-la em duas:

  • Tosse aguda: duração menor do que 4 semanas.
  • Tosse crônica: duração igual ou maior do que 4 semanas (alguns autores dividem em 4 semanas para crianças e 8 semanas para adultos).

Quais as causas da tosse?

As causas mais comuns da tosse incluem:

  • Tosse aguda:
    1. Infecções de vias aéreas superiores (resfriado comum).
    2. Piora de doença pulmonar pré-existente (asma, enfisema, bronquite crônica).
  • Tosse crônica:
    1. Uso de algumas medicações que atuam para reduzir a pressão arterial.
    2. Cigarro.
    3. Doença do refluxo gastroesofágico.
    4. Bronquite.
    5. Enfisema.
    6. Asma.
    7. Tuberculose pulmonar.

Em crianças, outras causas da tosse incluem:

  • Corpo estranho nas vias respiratórias (um grão de milho colocado no nariz que foi parar na traqueia, por exemplo).
  • Doenças no ouvido. É mais raro, mas em algumas crianças o simples excesso de cera no ouvido pode desencadear o reflexo da tosse.

Quais as medicações existentes para tosse?

A maioria das medicações disponíveis para tosse são compradas sem receita nas farmácias. Elas são principalmente destinadas para a tosse ocasionada pelos resfriados.

Os compostos mais estudados e que podem ser comprados nas farmácias brasileiras na forma de xaropes são:

  • Mucolíticos (carbocisteina, acetilcisteina, ambroxol).
  • Antitussígenos (dextrometorfano).
  • Expectorantes (guaifesina).
  • Antialérgicos (difenidramina, dexclorferinamina).

Em adultos, estas substâncias podem trazer algum alívio. Já em crianças (especialmente abaixo de 6 anos) as evidências não são boas ou as medicações trazem o risco de serem tóxicas.

Como tratar a tosse?

O principal tratamento para a tosse é resolver a doença ou condição que a está causando. Remover o corpo estranho da traqueia, cessar o tabagismo, descontinuar ou trocar a medicação que a esteja causando, tratar o refluxo, a asma ou a bronquite.

Uma estratégia é simplesmente aguardar. A maioria das tosses, especialmente aquelas ocasionadas pelos resfriados, se resolve em poucas semanas sem deixar sequelas.

O uso de medicamentos supressores da tosse parecem não serem boas escolhas especialmente em crianças. Além da tosse ser um mecanismo potencial de proteção que mantém as vias aéreas limpas e abertas, a maioria das medicações se mostraram pouco efetivas e podem trazer complicações (como intoxicação ou sonolência).

E o mel? Um compilado de estudos mostrou que o mel pode melhorar a tosse, principalmente a tosse noturna. Os estudos compararam o uso do mel com algumas medicações antitussígenas. Mostraram que o mel pode diminuir a frequência e a gravidade da tosse. Mas mesmo assim as conclusões não são das mais robustas e mais estudos precisam ser feitos para uma resposta definitiva. De qualquer forma parece que o mel, para crianças acima de 1 ano e que não são alérgicas, não parece trazer malefícios. Diabéticos devem usar com moderação. 

Sempre procure seu médico antes de tomar qualquer medicação, mesmo que seja qualquer composto que possa ser comprado nas farmácias sem receita. É possível que a causa dos seus sintomas não seja aquela que esteja imaginando. Não se automedique.

Como tomar o mel?

A maioria dos estudos disponíveis analisou a dose de cerca de 5 a 10mL de mel, o que dá aproximadamente uma colher de chá. Os testes foram realizados tanto na forma pura, tomado direto da colher, quanto misturado com leite ou chá morno. Os resultados foram equivalentes.

Não há nenhum consenso sobre a frequência da utilização – a maioria dos estudos focaram apenas no uso noturno do mel – mas tomar uma colher de mel 2 ou 3 vezes por dia não parece fazer mal.

Somente tome o cuidado de não dar mel para crianças menores do que 1 ano. O sistema imunológico ainda não está completamente desenvolvido e há o risco de desenvolver uma doença chamada de botulismo causada pela contaminação com uma bactéria que pode estar presente no mel cru.

Conclusões

Apesar de os estudos não serem definitivos, parece que nossas avós tinham alguma razão no uso do mel para tratar a tosse, especialmente a noturna e causada pelo resfriado comum.

Uma colher de chá de mel tomado principalmente a noite não parece trazer malefícios, exceto para crianças menores de 1 ano, cujo consumo é proibido.

E sempre é bom reforçar: não se automedique. Procure um médico para discutir e avaliar seus sintomas.

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*Imagem que ilustra este artigo: © Three-shots de Pexels via canva.com.

Dr. Angelo Bannack - Médico de Família

Dr. Angelo Bannack

Sou um médico que gosta de escrever, curte tecnologia e que valoriza a ciência como o caminho para a nossa evolução. Como médico de família, atendo em meu consultório particular em Curitiba e em consultas domiciliares, ajudando as pessoas a manterem-se saudáveis, com check-ups regulares, orientações e contribuindo no processo de diagnóstico e tratamento da grande maioria dos problemas de saúde.

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