O que é o MÉDICO DE FAMÍLIA e por que você deveria ter um?

Dr. Angelo Bannack

Atualizado há 1 mês

Apesar do nome soar familiar para a maioria das pessoas, são poucos os que realmente sabem o que é o médico de família e menos ainda os que entendem a sua importância. A confusão com o clínico geral é comum. Tão comum quanto ser simplesmente apontado pejorativamente como médico de postinho.

Neste artigo você vai descobrir o que faz esse especialista e, se você ainda não tem, por que deveria ter um médico de família para acompanhar sua saúde e chamar de seu.

Boa leitura.

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O que é o MÉDICO DE FAMÍLIA e por que você deveria ter um?

O que é um médico especialista?

Quando alguém conclui os 6 anos da faculdade de medicina, recebe o título de médico. Para poder trabalhar como tal, é preciso se registrar no Conselho Regional de Medicina do estado em que pretende atuar. É necessário pagar uma anuidade e esse conselho é o responsável por ditar as regras que precisam ser observadas pelo médico. 

Algumas pessoas chamam esse médico que acabou de se formar e que nunca fez nenhuma especialização de médico generalista.

A medicina possui inúmeras especialidades. Cardiologista, dermatologista, psiquiatra, pediatra, geriatra, médico de família e comunidade são algumas delas.  Para poder atuar como especialista em qualquer uma dessas áreas (existem 55 diferentes especialidades reconhecidas no Brasil) é necessário fazer residência médica ou ainda (num processo cada vez mais raro) passar em uma prova de título após comprovar vasta experiência na área.

Residência Médica

A residência médica consiste num treinamento de no mínimo 2 anos atuando e atendendo pacientes reais, sendo acompanhado de perto por médicos já especialistas, além de ter que participar de aulas teóricas e práticas sobre os mais variados temas relacionados a área de interesse. Algumas especialidades podem levar até 5 anos de treinamento: é o caso de neurocirurgia e cirurgia cardiovascular. Outras têm como obrigação uma primeira especialidade como pré-requisito. Por exemplo, para ser endocrinologista é necessário ser especialista em clínica médica antes.

O médico que está fazendo o treinamento da especialidade é chamado de residente. O termo é provavelmente devido ao fato de os médicos no passado residirem nos hospitais ou locais de treinamento, algo que já não é mais realidade atualmente. 

Existem 2 grandes áreas médicas: clínica e cirúrgica. A clínica é a área em que todo o trabalho do médico é realizado em consultórios, ambulatórios e enfermarias. Sem precisar entrar dentro de um centro cirúrgico. Já a área cirúrgica é aquela em que o médico especialista passa a maior parte do tempo operando. Existem ainda especialidades mistas, como por exemplo a urologia, em que o médico atende tanto casos que não precisam de cirurgia como aqueles que precisam. 

Para quase a totalidade das especialidades médicas, o treinamento é realizado dentro de hospitais, atendendo pacientes internados em enfermarias e eventualmente em UTIs. Os futuros cirurgiões e anestesistas passam a maior parte do tempo nos centros cirúrgicos.

A maioria das residências ainda oferece estágios em consultas de ambulatórios, que são as consultas com que a maioria das pessoas está acostumada. Aquelas que acontecem num ambiente de consultório em que o paciente procura o médico para se queixar ou obter orientações sobre algum tratamento.

Prova de Título

Outra forma de se tonar um especialista é prestar uma prova de título em uma associação médica. Essa é uma modalidade que parece cada vez mais desencorajada. Muitas sociedades estão revendo seus critérios e dificultando a obtenção do título de especialista dessa forma.

Mas para várias delas ainda é válido ter atuado normalmente pelo dobro do tempo de uma residência como médico na área em que se quer obter o título. Por exemplo, para se obter o título de cardiologista é necessário, além de ser médico e ter o título de especialista em clínica médica, comprovar a atuação por 4 anos em uma função prática de cardiologista. Essa experiência de 4 anos atuando como cardiologista sem o ser, talvez até fosse comum no passado, mas atualmente é cada vez mais difícil de se obter.

Feita a residência ou obtido o título por uma associação médica da área desejada, é necessário ainda registrar o certificado de conclusão no Conselho Regional de Medicina do estado em que se pretende atuar como médico especialista. O médico recebe então um número RQE (Registro de Qualificação de Especialidade). E finalmente poder atuar e se apresentar como especialista.

O que é o Médico de Família?

O médico de família e comunidade, ou simplesmente médico de família, é o médico que fez residência em Medicina de Família e Comunidade.

O residente em Medicina de Família e Comunidade é treinado primordialmente em Unidades de Saúde, passando boa parte do seu tempo de 2 anos de residência atendendo pacientes em consultas de ambulatório (consultório) e também em consultas domiciliares.

Nestas consultas o residente tem a oportunidade de conhecer não só o indivíduo e seu problema, mas toda a família e o contexto da comunidade em que essa pessoa está inserida. 

Ele atende desde bebês recém-nascidos, crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes. Tem experiência com a saúde tanto do homem quanto da mulher. Conhece o histórico do paciente e de sua família desde o nascimento, fazendo o cuidado longitudinal, que é o acompanhamento das queixas e doenças ao longo de toda a vida do indivíduo (ou pelo menos parte dela).  

Além de atuar com o diagnóstico e o tratamento de doenças, atua também na prevenção delas. Solicita exames de rastreio de acordo com as evidências atuais e orienta as vacinações.

Diferentemente, por exemplo, de um cardiologista que é treinado para atender apenas os problemas cardíacos ou de um neurologista que se especializa nas doenças do cérebro, um médico de família não é treinado em nenhuma parte do corpo em particular. Muitos costumam dizer (e eu me incluo) que o médico de família é especialista em pessoas

Habilidades

Por lidar diariamente com pessoas nos seus mais diversos contextos (seja de sofrimento, de dor ou momentos felizes como o nascimento de um filho ou a cura de uma enfermidade), o médico de família acaba se tornando naturalmente empático e com real interesse nos pacientes. É a especialidade médica escolhida por quem realmente gosta de pessoas, de suas histórias, seus problemas, angústias e dificuldades.

Humanidade

Ele aprende a explorar e a lidar com os sentimentos relacionados às doenças, às ideias que a pessoa tem sobre seus problemas e de que forma o médico pode ajudar num contexto individualizado e particular. Aprende a entender a pessoa como um todo, como alguém que tem uma família, um trabalho, dificuldades, desejos, medos. E baseado nisso procurar montar um plano de ação personalizado e respeitando as particularidades do indivíduo.

Gerência do tempo

Para conseguir dar conta de todas as demandas, o tempo é primordial em uma consulta médica. Infelizmente esse tempo é finito e as consultas não podem durar para sempre. Afinal, um médico precisa atender inúmeras pessoas num mesmo dia. Mas como o médico de família conhece o indivíduo e sua família, muito desse tempo é polpado devido ao conhecimento prévio que se tem da pessoa. O que permite usar o tempo da consulta para o que realmente importa, sem que o paciente precise explicar toda vez e com todos os detalhes alguma condição que acaba sendo previamente conhecida pelo médico.

Atualização constante

O médico de família precisa ainda entender de muitas doenças e estudar constantemente. A medicina muda diariamente e por isso é natural os médicos desejarem se especializar. Porém, quem se especializa demais acaba sabendo cada vez mais de cada vez menos. Entendo que é imprescindível existir um médico que saiba tudo sobre como operar e resolver o problema no seu joelho direito, por exemplo, mas infelizmente esse médico não tem tempo de se preocupar com todo o resto. Às vezes nem tempo para demonstrar um pouco de empatia.

O médico de família precisa estudar e saber de tudo. De tudo mesmo. Porém não necessariamente com a profundidade dos especialistas focais, que são aqueles dedicados a uma única doença ou parte do corpo. Mas acabam sabendo o principal para resolver as demandas do dia a dia e muitos acabam se aprofundando em algumas áreas específicas, seja por simpatia ou por prevalência dos atendimentos.

Atendimento domiciliar

Realizar atendimentos fora do consultório costuma ser desafiador. A cama é muito baixa para fazer o exame físico, os instrumentos não estão no local usual, nem sempre se consegue a privacidade de um consultório médico, a iluminação raramente é adequada.

Mas as pessoas às vezes ficam doentes e têm dificuldades para sair de casa e ir até o médico. Seja por causa de uma cirurgia, uma doença grave e incapacitante (mesmo que temporária) ou uma sequela permanente de um AVC por exemplo.

Para todas essas situações é o médico de família quem vai até o paciente. E o treinamento é constante durante a residência, com o acompanhamento de inúmeros pacientes acamados, o que acaba favorecendo o desenvolvimento dessa habilidade. 

Procedimentos

Além das habilidades mentais e intrinsicamente humanas como curiosidade, compaixão, responsabilidade, compromisso, simpatia e tolerância, o médico de família também se especializa em pequenos procedimentos. Entre eles destacam-se:

  • Drenagem de abscessos (furúnculo);
  • Colocação de DIU (Dispositivo Intra Uterino);
  • Lavagem de ouvido;
  • Pequenas suturas.
  • Retirada de corpo estranho;
  • Remoção de nevos (pintas) e lipomas.

Locais de atuação

Por ter seu treinamento realizado todo em unidades de saúde, esse é o principal local onde você encontra um médico de família. Mas não se engane, a especialidade ainda é pouco valorizada e apenas uma minoria dos médicos que trabalham em unidade de saúde são realmente médicos de família especialistas. A grande maioria dos médicos que atuam em unidades de saúde é médico generalista, aquele que não fez nenhuma especialização depois de formado em medicina.

Além das unidades de saúde você encontra médicos da família atuando em:

  • Hospitais
  • Consultórios particulares
  • Clínicas especializadas
  • Universidades
  • Setores de emergência
  • Gestão no setor público ou privado

Doenças que o Médico de Família trata

O médico de família aprende a atender, fazer o diagnóstico e a tratar toda a sorte de problemas, desde pressão alta, diabetes (mesmo aqueles que fazem uso de insulina), colesterol elevado, hipotireoidismo, artrose, dores em geral incluindo dor de cabeça e dores lombares, feridas, mal-estar, infecções urinárias, infecções de pele, infecções sexualmente transmissíveis (incluindo HIV, sífilis, gonorreia), corrimentos, sangramentos uterinos, depressão, ansiedade, problemas respiratórios como pneumonia, asma e DPOC, complicações do tabagismo, abuso de álcool e drogas, conflitos familiares, entre tantos outros. Praticamente toda e qualquer queixa pode ser acompanhada por um médico de família. 

Na maioria das vezes todas estas condições são tratadas sem grandes dificuldades pelo médico de família. É claro que outros especialistas precisam entrar em ação algumas vezes. Em alguns casos a pressão não se normaliza com a medicação padrão, ou ainda a queixa de dor de cabeça apresenta sinais de alarme que necessitam de investigação pelo neurologista. Uma depressão que não é passível de tratamento pela medicação de primeira e segunda linha ou ainda um diagnóstico de saúde mental difícil, precisam da ajuda de um psiquiatra. 

Mas mesmo sendo acompanhados por esses especialistas, o médico de família continua atuando nas demais queixas, fazendo a prevenção e rastreio de doenças, além de fazer a coordenação do cuidado e das medicações em uso. É muito comum os médicos especialistas não se preocuparem com as demais medicações que o paciente usa. Isso não por descuido ou despreparo, mas sim porque as consultas com especialistas tendem a ser cada vez mais curtas em tempo, devido principalmente aos baixos valores repassados pelos planos de saúde entre outras questões. Às vezes os pacientes sequer se preocupam em informar ao médico os medicamentos prescritos por outro especialista. Acham, por exemplo, que esses são do cardiologista, aqueles do neurologista e os demais do endocrinologista.

É responsabilidade do médico de família entender e avaliar todos os medicamentos em uso, modificar, ajustar doses e horários ou desprescrever aqueles que estão sobrando, evitando assim complicações que essas medicações possam causar.

Qual a diferença do Médico de Família para o Clínico Geral?

Diferentemente do ambiente hospitalar, em que é necessário o manejo de situações graves como infarto ou AVC, um médico de família presta o primeiro atendimento para essas situações na unidade de saúde ou em seu consultório. É sua função avaliar a gravidade da situação, verificar os dados vitais (pressão arterial, batimentos cardíacos, temperatura e saturação), estabilizar o paciente se necessário, oferecendo suporte com oxigênio, aplicar eventuais medicações de alívio, e encaminhar o paciente para ter seu tratamento num ambiente hospitalar por especialistas na área: um cardiologista para o caso de infarto ou um neurologista para o caso do AVC.

Em muitas vezes quem faz o primeiro atendimento no hospital é um médico ou residente de clínica médica, que é treinado e tem condições de fazer esse atendimento inicial do paciente, muitas vezes definindo o tratamento ou as condutas e se responsabilizando pelo paciente dentro do hospital.

O residente de clínica médica é o médico que está se especializando para ser um clínico geral, que é o médico especialista em doenças que precisam ter seu manejo dentro de um hospital, onde existem recursos e equipamentos avançados (medicamentos dos mais variados tipos, aparelho de tomografia, ressonância magnética, endoscopia, cateterismo cardíaco), incluindo uma UTI para os casos mais graves. Atende apenas pacientes adultos e não está familiarizado com atendimento de gestantes e crianças.

Na maior parte das vezes o especialista em clínica médica não faz esta residência para atuar como clínico geral (apesar de isso ser possível). Ele faz a especialidade para poder fazer uma segunda especialidade, cuja clínica médica é o pré-requisito. Algumas especialidades que têm a clínica médica como pré-requisito são:

  • Cardiologia
  • Endocrinologia
  • Gastroenterologia
  • Geriatria
  • Pneumologia
  • Reumatologia

Todas estas especialidades continuam tendo seu treinamento sendo realizadas em ambientes hospitalares, exigindo que o médico especialista tenha conhecimento de doenças que precisam ser tratadas nos hospitais. Normalmente não há o acompanhamento longitudinal (ao longo do tempo) dos pacientes tratados, pois muitas vezes os médicos que atuam dentro dos hospitais têm contato com o paciente somente pelo período em que estes estão internados e eventualmente em uma ou outra consulta após esse internamento. Outro motivo é que estes especialistas atendem apenas adultos. 

Muitos acabam atuando em consultórios particulares depois, mas sem ter a experiência dada pela residência de tratar as doenças nesse ambiente e nem de ter o acompanhamento integral e longitudinal do paciente, o que muitas vezes os levam a pedir os mesmos exames que estavam acostumados a pedir no hospital. Exames estes muitas vezes desnecessários e que podem trazer consequências para além do custo financeiro

Em resumo:

  • Médico generalista: aquele que fez faculdade de medicina, mas não se especializou em nenhuma área. Tem a experiência da vida e dos locais por onde atuou.
  • Médico clínico geral: além da faculdade de medicina fez residência em clínica médica. Tem experiência de diagnosticar e tratar diversas doenças dentro de hospitais com diversos exames e equipamentos para tratamento à sua disposição. Atende apenas pacientes adultos
  • Médico de família: fez faculdade de medicina e residência em medicina de família e comunidade. Tem experiência no acompanhamento longitudinal e em diagnosticar e tratar as doenças em ambiente de consultório, o mesmo encontrado nas unidades de saúde. Atende crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes.

Quais as vantagens do Médico de Família?

Muitos problemas de saúde não são causados por aquilo que as pessoas pensam. Aquela dor depois de comer pode estar relacionada ao estômago, mas também pode ser um sinal de entupimento de uma artéria do coração. Pode ser que ela seja simplesmente ansiedade. Ou que seja uma dor em algum músculo do peito. Mas também pode ser algum problema no pulmão. Neste caso, qual médico procurar?

Especialistas focais

É cultural. A maioria das pessoas usa sua intuição ou os conselhos obtidos pelo Dr. Google e procura o especialista que julga estar relacionado com a causa da sua dor. E muitas vezes procuram pelo suposto melhor especialista da área que acreditam precisar. Este especialista foi treinado para tratar dos problemas de um órgão ou de uma doença em particular. Muitas vezes tem o tempo contra ele, em consultas de poucos minutos que não permitem explorar as queixas do paciente de forma apropriada. E dessa forma, acabam transferindo parte importante do tempo que gastariam durante a consulta para inúmeros exames usados para confirmar ou normalmente para tentar descartar as causas mais comuns relacionadas a sua especialidade. 

É muito comum o paciente com dor no peito ir ao gastroenterologista e ganhar uma endoscopia de presente. Se ele for no cardiologista, vai sair de lá com a solicitação de um teste ergométrico e de um ecocardiograma. Se for no psiquiatra pode acabar recebendo a prescrição de um ansiolítico. Alguns vão em todos estes. Fazem inúmeros exames e não descobrem a causa do seu problema.

Médicos de família

Os médicos de família, por estarem acostumados e serem treinados para tratar de todo o tipo de situação, vão avaliar o caso de forma diferente. Entender os momentos em que essa dor aparece, levar em consideração todas as particularidades do paciente adquiridas ao longo do tempo, seu contexto familiar e na comunidade em que vive. Após serem examinados pelo médico, que irá descartar as causas mais graves e que possivelmente necessitariam de exames aprofundados, o médico pode então apontar o diagnóstico e eventualmente solicitar os exames mais adequados e específicos para o caso em questão.

Algumas estimativas apontam que cerca de 80 a 90% dos problemas de saúde podem ser resolvidos pelo médico de família. 

É claro que existem casos graves que precisam ser tratados por especialistas. Uma gastrite complicada pode precisar de tratamento cirúrgico. Uma dor no peito pode realmente ser um indício de um infarto e que precisa de investigação aprofundada e tratamento com um cardiologista. Mas fazer o diagnóstico adequado, com exames bem indicados e num tempo menor, ajuda a preservar a saúde, além de reduzir custos. 

Por isto, em alguns países como o Canadá, os sistemas de saúde são centrados no médico de família, onde as pessoas têm o seu médico de referência, que o conhecem desde que nasceram, atende todos os integrantes de sua família. Sabe onde trabalham, quais são seus anseios e necessidades. É ele quem encaminha os pacientes para outros médicos especialistas quando necessário uma investigação ou tratamento de condições ou doenças específicas. No Brasil, em alguns estados, o SUS investe no médico de família e alguns planos de saúde estão focando seus atendimentos em modelos parecidos com o canadense. É uma área em franca expansão. 

Outros benefícios

  • Evitar exames desnecessários: Um médico de família pode ajudar a evitar que o paciente faça exames, procedimentos e consultas que não sejam indicados ou que possam trazer mais riscos do que benefícios.
  • Atendimento personalizado: O médico de família desenvolve um relacionamento de longo prazo com o paciente e sua família. Ele conhece o histórico médico, as preocupações e as metas de saúde do paciente, o que resulta em um atendimento mais personalizado e eficaz.
  • Confiança na relação médico-paciente: O médico de família cria um ambiente acolhedor e de confiança, permitindo que o paciente se sinta à vontade para compartilhar qualquer informação relacionada à sua saúde.
  • Histórico de saúde: O médico de família acompanha o histórico de saúde de toda a família, o que pode ajudar a identificar padrões e fornecer um cuidado mais eficaz.
  • Contato mais próximo com o médico: Ter um médico de família significa ter um profissional de saúde com quem pode-se contar e que conhece o paciente e sua família em um nível mais pessoal.
  • Centralização de especialistas: O médico de família pode coordenar o cuidado com outros especialistas, garantindo uma abordagem integrada e eficiente para a saúde.
  • Acompanhamento médico para a vida toda: O médico de família está disponível para cuidar da saúde dos pacientes em todas as fases da vida, desde o nascimento até a terceira idade.

Resumo

Em resumo, o acompanhamento com um médico de família permite:

  • Maiores chances de se obter diagnósticos precoces e certeiros.
  • Economia de tempo e recursos financeiros com a solicitação de menos exames desnecessários e muitas vezes nocivos.
  • Foco na prevenção de doenças com ênfase em uma vida longa e saudável.
  • Fortalecimento de vínculos com acompanhamento por toda a vida, com redução de tempo em consultas sem precisar contar toda a sua história para um novo médico toda vez.
  • Atendimento de toda a família, incluindo bebês, crianças, adolescentes, homens e mulheres adultos, idosos e gestantes. 

E como dizia um sábio professor: quem tem mais de um médico, na verdade não tem nenhum

Sobre a pintura que ilustra esse artigo

O Doutor de Joseph Tomanek por Luke Fildes

O quadro O Doutor (The Doctor) foi pintado em 1891 pelo artista britânico Samuel Luke Fildes. Em 1933 o pintor tcheco-americano Joseph Tomanek reproduziu a obra e é esta reprodução que ilustra este artigo.

Preferi a cópia simplesmente por questões estéticas, pois ela tem menos sombras e é mais colorida do que a original. Mas ambas as obras são belíssimas e as sombras da pintura original têm suas próprias interpretações.

O quadro ilustra um médico sentado, numa posição de impotência e empatia, observando uma menina doente deitada sobre duas cadeiras. A mãe debruçada sobre a mesa ao fundo numa clara sensação de desespero. O pai observa a cena dando apoio a mãe. Tudo num ambiente de uma casa simples.

Tive contato com essa obra numa das primeiras aulas do curso de medicina. A professora perguntou para os jovens aspirantes o que os motivou a serem médicos. Ajudar as pessoas. Salvar vidas. Cuidar de doentes, foram algumas das respostas ouvidas.

Para mim, a obra representa o que deveria ser um médico de verdade. Demonstra a preocupação e a empatia que todos os médicos deveriam ter com seus pacientes, mesmo diante de situações desafiadoras e muitas vezes sem volta. Independentemente de cor, credo, gênero ou dinheiro, um médico deve prestar seu trabalho de forma dedicada, empática, respeitosa e humana. Todos merecem ser bem cuidados.

Entendo que esta pintura representa muito bem a Medicina de Família e Comunidade que eu acredito. Mas gostaria de fato que ela representasse simplesmente o que é ser Médico

Conclusão

O médico de família é o especialista em pessoas que teve sua formação em ambiente de consultório, dentro de unidades de saúde, diferente do clínico geral que teve sua formação dentro de hospitais. Ele é o responsável por tratar das mais diversas doenças e condições, buscando entender o indivíduo e seu contexto, respeitando suas particularidades. É especialista em fazer a coordenação do cuidado, gerência de medicamentos, prevenção e tratamento de doenças e acompanhamento por toda a vida. Ao fazer isso acaba evitando pedir exames desnecessários, bem como fortalece o vínculo com o paciente, aumentando as chances de sucesso e de uma vida longa e saudável.

Uma sugestão de leitura complementar é sobre a Medicina Sem Pressa, uma prática médica que resgata a atenção e a paixão pelo bem cuidar.

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Um forte abraço. 

Dr. Angelo Bannack - Médico de Família

Dr. Angelo Bannack

Sou um médico que gosta de escrever, curte tecnologia e que valoriza a ciência como o caminho para a nossa evolução. Como médico de família, atendo em meu consultório particular em Curitiba e em consultas domiciliares, ajudando as pessoas a manterem-se saudáveis, com check-ups regulares, orientações e contribuindo no processo de diagnóstico e tratamento da grande maioria dos problemas de saúde.

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