Micose de unha (onicomicose): Como tratar?

Dr. Angelo Bannack

Atualizado há 28 dias

A micose de unha, também chamada de onicomicose, é causada por fungos. É uma doença muito comum e afeta principalmente as unhas dos dedos dos pés, em especial o dedão. Mas qualquer unha pode ser acometida. Neste artigo vou explicar o que é a micose, como se pega, como se trata e algumas dicas para tentar ficar longe dos fungos.

Boa leitura.

O que é a micose de unha?

A micose de unha ou onicomicose (ou ainda tinea ungueal) é uma infecção das unhas dos pés ou das mãos, causada por fungos. Vários fungos estão envolvidos, sendo os principais os dermatófitos, mas leveduras e alguns tipos de bolores também podem causar micose.

Os fungos dermatófitos têm esse nome pois se alimentam de queratina, que é um dos principais componentes da unha.

A onicomicose ocorre principalmente em adultos, mas crianças também podem ter a doença.

É comum a unha perder a cor, ficando esbranquiçada, amarelada ou marrom. Ela pode afetar a unha inteira ou só uma parte da unha. Pode ainda afetar apenas a unha de um dedo ou de mais de um, ou ainda de todos os dedos tanto dos pés quanto das mãos.

Ela muitas vezes começa pelo dedão do pé e vai se espalhando para outras unhas.

Na doença mais avançada, a unha pode ficar deformada e com restos de queratina embaixo dela, soltando algo como se fosse um pó esbranquiçado.

Não é comum, mas em casos mais graves ou em pacientes com problemas no sistema imunológico, pode-se ter dor local além da transmissão do fungo para outros locais do corpo, em particular da pele. 

Como se pega?

A onicomicose é adquirida pelo contato direto da unha com os fungos causadores da doença. Esses fungos estão presentes no ambiente. Quem tem a doença e anda descalço ou de chinelos, pode liberar os fungos juntamente com resíduos de unha por onde passa. Uma pessoa saudável pode entrar em contato com esses fungos presentes no ambiente e adquirir a micose.

Os fungos gostam de se multiplicar em lugares quentes e úmidos. As pessoas que nadam ou cujos pés suam muito têm mais chance de contrair uma infecção por fungos nas unhas.

Outra fonte dos fungos são os equipamentos utilizados pelas manicures. Uma pessoa pode se contaminar com um cortador de unha que foi utilizado para cortar a unha de uma pessoa contaminada.

Quem tem mais chances de pegar?

Não existem estudos definitivos, mas há bons indícios que apontam que a micose de unha é mais comum em pessoas que tenham:

  • Doenças dermatológicas como tinea pedis (micose do pé ou pé de atleta), psoríase (uma doença provavelmente autoimune que provoca feridas na pele) ou hiperidrose (suor em excesso).
  • Outras doenças como diabetes, varizes, câncer, doença arterial obstrutiva periférica, obesidade, doença inflamatória intestinal ou doenças autoimunes.
  • Má higiene das unhas, pratiquem esportes e atividades físicas, fumantes, ou que usem sapatos que não permitam a transpiração.
  • Outros fatores que podem influenciar: Idade avançada e contato com membros da família infectados.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico pode ser feito apenas com o histórico e os achados do exame das unhas pelo médico. O histórico consiste em investigar o início do acometimento, contato com material contaminado, evolução com acometimento de outras unhas. No exame físico, a descoloração das unhas e a deformação mostram um bom indício da existência da doença.

O diagnóstico definitivo pode ser feito com uma raspagem ou então com o corte de uma amostra da unha e envio do material para fazer cultura dos fungos ou ainda um teste de ampliação dos fungos (PCR) para identificá-los. O médico ainda pode fazer uso de um produto chamado de KOH (Hidróxido de Potássio). Na prática esses exames são mais utilizados para o caso de dúvidas no diagnóstico, ou se o tratamento não funcionou e se suspeita de que possa ser outra doença que não micose.

Se não é micose da unha, o que pode ser?

A micose da unha é responsável por cerca de 60% dos casos de alterações de cor das unhas. Mas outras condições podem ser a responsável pela alteração. As principais são:

  • Traumas: Costumam ser facilmente reconhecidos especialmente pela história. Dificilmente você não se lembrará de ter dado uma topada com o pé em alguma coisa.
  • Onicogrifose: É a alteração do formato da unha, mais comum em pessoas idosas devido principalmente ao uso de sapatos fechados ou má higiene.
  • Psoríase da unha: Normalmente está associada a psoríase de outras partes do corpo, ou ainda de dores nas articulações.

Qual o problema em ter micose de unha? 

A princípio, se a questão estética não lhe incomoda, não há nenhum problema em ter micose nas unhas e não tratar. O problema é que, se não cuidado e nem tratado, a doença pode evoluir e acometer outras unhas, além de levar a deformações e eventualmente causar dor em casos mais avançados da doença.

Pessoas que tenham celulite (que é uma infecção da pele) ou que tenham riscos para ter celulite, têm indicação de tratamento também, pois a infecção da unha pode favorecer ou dificultar a cura da celulite. Entre os riscos para celulite incluem-se: histórico de celulite anterior, diabetes, varizes graves, inchaço das pernas.

Como é feito o tratamento da micose de unha?

O tratamento pode ser feito com o uso de esmaltes antifúngicos aplicados diretamente nas unhas, ou com medicamentos tomados pela boca e que tem efeito no corpo todo. Em casos mais graves a remoção da unha pode ser uma solução. Apesar de menos efetivo, a terapia com laser também pode ser tentada em alguns casos.

O uso de esmaltes ou outros produtos antifúngicos aplicados diretamente nas unhas só costuma ter resultados em casos mais leves, quando menos da metade da unha de um único dedo é afetado pela micose. Os dois principais antifúngicos na forma de esmalte que temos no Brasil são o ciclopirox e a amorolfina. O tratamento é longo, com o primeiro sendo aplicado diariamente e o segundo uma vez por semana. Pode levar mais de 6 meses para se ver livre dos fungos. E nem sempre há garantia de cura.

Quando mais de metade da unha está comprometida, o tratamento com antifúngicos tomados pela boca tornam-se a melhor opção. O problema é que estas medicações apresentam interações com outros medicamentos e são tóxicas principalmente para o fígado. Elas só podem ser utilizadas com acompanhamento médico, que irá verificar o funcionamento do fígado realizando exames de sangue periódicos.

Independentemente do tratamento a ser empregado, não se automedique e não faça o diagnóstico sozinho. Procure um médico de confiança para o acompanhamento de sua saúde.

Tem como evitar pegar a doença?

Nem sempre é fácil ficar livre do contato com um microrganismo invisível, mas as dicas a seguir podem te ajudar:

  • Seque bem os pés depois do banho, inclusive de mar ou piscina. Lembre-se de secar bem entre as unhas (os cantos entre a unha e o dedo) e os dedos.
  • Evite compartilhar alicates, lixas, tesouras e cortadores de unhas. Se for na manicure, e se puder, leve seus próprios instrumentos.
  • Use chinelos ou outro calçado no chuveiro ou vestiário da academia.

Manicures deveriam esterilizar seus equipamentos após cada atendimento. Porém, segundo a ANVISA não existe norma federal que obrigue o uso de autoclave nos salões de beleza. Mas as autoclaves são os equipamentos que melhor garantem a eliminação de vírus, fungos e bactérias. Na falta destes, se você possui um salão de beleza, pesquise por alternativas viáveis para o seu caso. Lembre-se que hepatite C é outra doença passível de ser transmitida por instrumentos metálicos contaminados.

Para limpar seus próprios instrumentos (alicates, tesouras, cortadores) lavar com água e sabão (ou detergente) é suficiente. Lembre-se de remover com uma escova os resíduos visíveis antes de lavar, enxaguar com água limpar para remover o sabão e secar bem os instrumentos antes de guardar. Você pode usar papel toalha ou higiênico para ajudar a retirar a umidade.

Cuidados com as unhas

Pessoas com a unha muito deformada pelas micoses podem ter dificuldades em apará-las. Uma forma de facilitar o corte é amolecer as unhas com cremes à base de ureia.

O creme de ureia é um ceratolítico, isto é, ele ajuda e amolecer a queratina. O ideal é aplicar bastante creme de ureia na unha deformada e endurecida e se possível ocluir com um plástico. Deixar assim durante a noite, lavando os pés pela manhã. Repetir o processo várias vezes pode ajudar a afinar e amolecer a unha. Concentrações altas de ureia podem ser necessárias. Converse com seu médico a respeito.

Uma vez que a unha possa ser aparada sem dificuldades, o uso de creme de ureia diário, em concentrações menores, pode ajudar na manutenção. 

Para evitar a proliferação da doença, o importante é manter as unhas sempre aparadas e lixadas. Dê preferência para as lixas descartáveis, feitas de papelão. Não as reutilize.

Use sempre material próprio ou esterilizado.

Mantenha os pés limpos e secos. 

Conclusão

A micose de unha é um problema comum que afeta principalmente as unhas dos pés. Ela causa a mudança da cor e eventualmente do formato da unha. Não costuma causar problemas além do estético, mas pode favorecer infecções de pele. O tratamento só deve ser feito com acompanhamento médico, pois as medicações antifúngicas podem ser tóxicas, principalmente para o fígado. Manter os pés limpos e secos e não compartilhar cortadores e lixas de unha pode ajudar a evitar ou propagar a doença.

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Um forte abraço.


*Imagem que ilustra este artigo: © zlisjak de Getty Images Signature via canva.com.

Dr. Angelo Bannack - Médico de Família

Dr. Angelo Bannack

Sou um médico que gosta de escrever, curte tecnologia e que valoriza a ciência como o caminho para a nossa evolução. Como médico de família, atendo em meu consultório particular em Curitiba e em consultas domiciliares, ajudando as pessoas a manterem-se saudáveis, com check-ups regulares, orientações e contribuindo no processo de diagnóstico e tratamento da grande maioria dos problemas de saúde.

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