Colesterol elevado! Quais os riscos e como baixar

Dr. Angelo Bannack

Atualizado há 3 meses

Aquele torresminho frito é ótimo, né? Porém, não precisa ser médico para saber que ele aumenta os níveis de colesterol no sangue. E o colesterol alto ajuda a entupir os vasos sanguíneos podendo levar a doenças como infarto e AVC.

Neste artigo você vai aprender o que é o colesterol, quais os problemas em ter o colesterol fora dos padrões, além de encontrar informações sobre como se cuidar e colocar as gorduras no seu devido lugar.

Boa leitura.  

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COLESTEROL ELEVADO! Quais os riscos e como baixar

O que é o colesterol?

O colesterol é um tipo de lipídio, uma gordura necessária para formar parte das membranas das células do corpo. Ele é produzido por vários órgãos a partir dos alimentos ingeridos, sendo o fígado um dos principais locais de sua síntese. O colesterol não é solúvel no sangue e para ser transportado depende de sua ligação com lipoproteínas. Existem 5 tipos de lipoproteínas (quilomícrons, VLDL, IDL, LDL e HDL), sendo os principais o LDL e o HDL. 

LDL é a sigla em inglês para Low Density Lipoprotein (Lipoproteína de baixa densidade). Os exames de laboratório muitas vezes medem o LDL-c (esse c é de colesterol), que nada mais é do que o colesterol ligado à lipoproteína LDL. O importante é entender que o LDL-c (ou simplesmente LDL se preferir) é considerado o colesterol ruim. Gosto de dizer que o L do LDL é sinônimo de Ladrão, para lembrar que é a gordura que rouba a nossa saúde.

Já o HDL é a sigla em inglês para High Density Lipoprotein (Lipoproteína de alta densidade). Da mesma forma que o LDL, os laboratórios medem o HDL-c, que é o colesterol ligado a essa proteína. Alguns laboratórios emitem laudos apenas como HDL e outros como HDL-c, mas o significado e a interpretação acabam sendo as mesmas.

Gosto de associar o H do HDL a Herói, para ajudar a lembrar que esse é o colesterol bom, que ajuda a eliminar as gorduras ruins do sangue e que protege nossas artérias. A gordura que o HDL capta no sangue acaba sendo processada no fígado e eliminada no intestino através da bile.

Além do colesterol, é comum medirmos outro tipo de gordura, os triglicerídeos. Os triglicerídeos aumentam principalmente com o consumo de massas, pães, bolos, bolachas e doces. Juntamente com o LDL, os triglicerídeos elevados aumentam muito o risco de entupimento das artérias do corpo.

Qual o problema de ter colesterol elevado?

Níveis elevados de gordura no sangue favorecem os entupimentos das artérias, principalmente o LDL e os triglicerídeos. Esse entupimento pode ocorrer em artérias de qualquer parte do corpo, mas os dois principais locais que nos preocupamos, devido às possíveis consequências, são o coração e a cabeça. Artérias do coração entupidas levam à doença conhecida como infarto. Já uma artéria da cabeça obstruída pode levar à doença AVC (também chamada popularmente de derrame). 

Os riscos são maiores em pessoas que têm diabetes, pressão alta, fumam, são obesas e/ou sedentárias. Homens e negros têm riscos aumentados também.

Os médicos calculam seu risco de ter uma doença cardiovascular nos próximos 10 anos baseados principalmente num grande estudo conhecido como Framingham de 2008 ou numa calculadora obtida a partir de um compilado de estudos pela Associação Americana de Cardiologia de 2013.

Dependendo das doenças e fatores de risco existentes, e dos valores dados por essas calculadoras, o médico pode indicar e discutir a necessidade de mudanças de estilos de vida ou medicamentos para controlar o colesterol e os triglicerídeos. Um risco maior do que 10% costuma ser utilizado como linha de corte para a decisão.

Como é medido o colesterol?

O exame chamado perfil lipídico mede o Colesterol Total, HDL, LDL e os triglicerídeos. O Colesterol Total é a soma de todos os tipos de colesteróis que circulam pelo corpo. Alguns laboratórios apresentam também o valor do colesterol não HDL que nada mais é do que o Colesterol Total subtraído do HDL.

A maior parte dos estudos foram realizadas levando em consideração o colesterol LDL calculado e não o medido no sangue. Ele é estimado pela fórmula de Friedwald. A fórmula foi criada em 1972, de forma a evitar a necessidade de realizar a ultra centrifugação do sangue, medida necessária para dosar o LDL, e que envolve tempo e custos maiores para sua realização.

Você pode usar a calculadora a seguir para calcular o LDL, caso ele não esteja presente em seu exame. Se os triglicerídeos estiverem acima de 400, a recomendação é a de não usar a calculadora e sim medir o LDL diretamente no sangue.

O colesterol não se altera pelo fato de estarmos em jejum ou não. Ele pode ser alterado com o passar dos dias e meses influenciado por nossa alimentação e hábitos de vida. Porém, os triglicerídeos alteram rapidamente com a alimentação (minutos ou horas), e por isso o ideal é fazer jejum de pelo menos 8 horas antes de sua medida. Muitos laboratórios pedem 12 horas de jejum.

Quando medir?

Os principais estudos que temos acompanharam pessoas a partir dos 40 anos. Pois é a partir dessa idade que começam a aparecer os principais problemas de saúde e doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial. É também quando a maioria dos médicos recomenda iniciar os famosos check-ups.

Se você não tem histórico na família de problemas com colesterol pode iniciar a acompanhar seu perfil lipídico a partir dos 40 anos. Se você tem pressão alta ou diabetes, deve iniciar o acompanhamento do colesterol logo no diagnóstico dessas doenças. Para outros fatores de risco, como tabagismo e obesidade, o início de quando fazer a medida deve ser individualizado com uma consulta com seu médico de confiança.

Não há um consenso sobre a periodicidade das medidas, mas um controle anual parece ser adequado, especialmente se há alguma alteração nos exames ou você tenha algum outro problema de saúde. Podem ser recomendados intervalos maiores ou menores de acordo com as particularidades de cada indivíduo.

Também não há informações precisas sobre quando parar de medir o colesterol. Alguns médicos continuam medindo pelo resto da vida. Outros optam por parar de medir a partir dos 65 ou 80 anos. Não há uma resposta adequada no momento e, portanto, deve ser uma decisão compartilhada com seu médico. 

Quais os valores recomendados?

O ideal é que o colesterol total esteja abaixo de 200mg/dL, algumas referências citam 190.

Já para o LDL o ideal é que seja mantido abaixo de 130mg/dL. Porém, se existirem doenças como diabetes, pressão alta, ou você já tiver tido um infarto ou derrame, valores menores podem ser desejados.

Para o HDL, níveis acima de 40 mg/dL são bons. Acima de 60 são excelentes.

Os triglicerídeos costumam ter 150mg/dL como o valor de corte. Níveis acima de 500 aumentam muito o risco de inflamação no pâncreas (pancreatite).

Como melhorar os níveis de colesterol?

Se você está com o colesterol fora da meta, a melhor opção para colocá-lo no eixo é a perda de peso, atividade física regular e alimentação saudável.

O colesterol LDL aumenta com o consumo de gorduras saturadas, portando evite alimentos que contenham esse tipo de gordura. Frituras, produtos industrializados, queijos e embutidos são os principais alimentos que as contém.

Para aumentar o colesterol HDL a única forma conhecida é a atividade física regular. Porém o aumento é discreto. Parece que o HDL tem um forte componente genético associado.

Os triglicerídeos se formam principalmente com o consumo de carboidratos presentes nos pães, bolos, biscoitos, macarrão, doces, bebidas açucaradas e alcóolicas. Evitar ou reduzir o consumo desses alimentos pode ajudar a baixar os níveis de triglicerídeos.

Mudanças de hábito de vida podem levar 6 ou mais meses para surtirem efeito. O acompanhamento com uma nutricionista pode ser indicado por seu médico.

Medicamentos

Para aqueles que não conseguem reduzir os níveis de colesterol para valores adequados somente com mudanças alimentares e atividade física, o uso de medicamentos pode ser indicado.

A principal classe, usada para reduzir o colesterol LDL, são as estatinas. Os nomes mais comuns existentes nas farmácias brasileiras são: sinvastatina, atorvastatina e rosuvastatina. O principal efeito colateral, que mesmo sendo principal é pouco comum, é a dor nas pernas devido a um processo de destruição da musculatura causada pelas estatinas. Sempre informe seu médico em caso de qualquer efeito colateral após iniciar algum medicamento. 

As estatinas não são os únicos. Ezetimiba e colestiramina são outros tipos de medicamentos que podem ser receitados por seu médico para ajudar a reduzir o LDL.

Os triglicerídeos são reduzidos com o uso de fibratos e omega-3. Ciprofibrato e fenofibrato são os fibratos mais comuns. Apesar de serem vendidas em lojas de produtos naturais, as capsulas de omega-3 só devem ser consumidas sob supervisão médica. A maioria das pessoas toma apenas uma cápsula por dia e são necessárias normalmente 4 capsulas por dia para se produzirem os efeitos desejados. Há indícios de que seu consumo aumente os riscos de fibrilação atrial, porém as evidências existentes não são conclusivas.

Conclusão

O colesterol é um tipo de gordura de fundamental importância para nosso corpo. Mas quando em excesso pode causar problemas como entupimento dos vasos sanguíneos, podendo causar doenças graves como o infarto e o AVC. O ideal é medir os níveis das gorduras do sangue em jejum, uma vez ao ano após os 40 anos. Praticar atividade física regular, controlar o peso e ter uma alimentação saudável são recomendações óbvias, mas que podem fazer toda a diferença para manter seu perfil lipídico dentro da meta. Se necessário, o médico poderá indicar medicamentos para ajudá-lo. As estatinas são de longe os medicamentos mais usados para o controle do colesterol.

Espero que o artigo tenha sido útil. Se tiver alguma dúvida não deixe de comentar.

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Um forte abraço.


*Imagem que ilustra este artigo: © jamesbenet de Getty Images Signature via canva.com.

Dr. Angelo Bannack - Médico de Família

Dr. Angelo Bannack

Sou um médico que gosta de escrever, curte tecnologia e que valoriza a ciência como o caminho para a nossa evolução. Como médico de família, atendo em meu consultório particular em Curitiba e em consultas domiciliares, ajudando as pessoas a manterem-se saudáveis, com check-ups regulares, orientações e contribuindo no processo de diagnóstico e tratamento da grande maioria dos problemas de saúde.

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